Aos meus filhos . Barbie
Ser mãe nunca foi um grande sonho. Aliás, quando fiquei grávida do meu filho fiquei perturbada, sabendo o quanto a minha vida iria mudar.
No entanto, avancei , e nunca me arrependi.
Depois veio a menina, seis anos mais tarde, que é um encanto.
Ter um filho, dois três , quatro,... a única coisa que muda é o trabalho, quantos mais forem maior é a trabalheira que dão, menos é o tempo que temos para nós.
O que muda mesmo tudo é ter filhos. Um ou vários. Depois de ter um filho nunca mais fui eu. Passei a ser nós, e acho que isto diz tudo. Fiquei chorona, ansiosa , preocupada, mobilizada... Dexei de ter nome próprio e passei a ser "a mãe de.."
Deixei de dormir, de beber, de sair, de pensar, de ler.
Tenho um medo constante na minha vida, em todos os minutos da minha vida: perdê-los, vê-los realmente doentes, ficar eu doente e não ser capaz de tratar deles. Morrer e eles ficarem órfãos.
E tenho uma recriminação constante a mim própria: não ser boa mãe, não dar de mim, não ter paciência, não brincar o suficiente, não os lavar o suficiente, não os alimentar o suficiente, não lhes ler histórias ao deitar.
Adoro vê-los dormir, cheirá-los, beijá-los , abraçá-los.
No outro dia fui a uma consulta, a enfermeira constatou que tinha a tensão muito alta. Quis ensinar-me a baixá-la, uma vez que reconheço quando estou assim. Mandou-me fechar os olhos. Imaginar-me num lugar que eu goste. Com as pessoas de quem eu gosto. E eu fechei os olhos, imaginei-me na praia, imaginei os meus filhos. A última vez em que lá fomos este verão, os três. Estava um dia de praia magnífico , estranho na figueira da foz. Fomos à agua, os três, a pequenina pela primeira vez. Ainda ouço os gritos e as gargalhadas deles. Ainda fico com os olhos rasos de lágrimas ao recordar este momento, que paga todas as noites sem dormir, as preocupações, as dores, físicas e da alma.
Sei que faço o melhor que posso em cada momento.
Sei que vos Amo, muito mais do que vocês possam imaginar, meus filhos.
Barbie