O grito do Ipiranga
Falava eu no post anterior sobre o difícil que é conseguir vaga para uma creche pública. Este tema dá pano para mangas e desde já me desculpem se ofender alguém mas realmente acho que neste país funciona tudo ao contrário. E se há dias em que consigo respirar fundo e submeter-me ao instituído, outros há em que me apetece dar um valente grito de revolta.
Inscrevemos a Pinypon em 2 creches públicas. Em ambas nos disseram que só muito dificilmente haverá vaga porque não pertencemos à freguesia na qual se inserem. Mesmo entrando podemos contar em pagar a mensalidade mais alta porque como disse a diretora de uma delas: " Eu sou mãe solteira, ganho 1000€, para o Estado sou rica, logo fico no último escalão e pago 230 e tal euros". Mesmo eu estando desempregada, podemos sempre contar com o nosso estatuto de ricos. Não temos abono porque somos ricos. Não vou ter direito ao subsídio social de desemprego porque somos ricos.
Mas quem não faz nenhum, quem nunca trabalhou, quem se mete no café todos os dias a beber e vive dos rendimentos mínimos e subsídios que tais, são famílias em risco e como tal têm todos os direitos e mais alguns. Quem trabalha ou trabalhou vê que afinal não serve de nada o trabalho porque quanto mais se faz, menos direitos se tem.
Está tudo ao contrário! TUDO!
E por isso estamos assim meios descoroçados e sem saber o que fazer. Porque por um lado era bom ela começar a creche em setembro. Por outro, não vamos pagar 350/450 € por uma creche estando eu em casa. E como raio posso eu começar a trabalhar, nem que seja em part time, sem ter onde deixar a miuda?
E eu estou a escrever isto e a pensar "coitadinhas das crianças que não têm culpa nenhuma e ao menos nas creches terão certamente quem olhe por elas".
xoxo
cindy