O ensino
Esta semana fui a uma reunião de escola da minha irmã. A minha mãe tinha uma reunião à mesma hora e lá fui eu em representação da manocas. A reunião tinha por objetivo entregar as notas do período anterior aos pais e conversar um pouco sobre os alunos. Como sempre as notas da mana foram irrepreensíveis - a mais baixa 16 - mas pelos vistos não foi o panorama geral.
Disse a diretora de turma que acha os alunos desinteressados, superficiais e pouco interessados na excelência. Fazem o básico porque é suficiente e não se importam em serem melhores ou mesmo os melhores. Isto na disciplina dela. Começam os pais a dizer que são assim a todas as disciplinas, em casa, na rua. Que não se interessam por nada, que são irresponsáveis e blá blá. E eu no meio daquela conversa só pensava que deviam ser todos doidos em admitir que os filhos eram assim sem mais nem menos e em se descartarem de responsabilidades no assunto. Era assim e pronto. Retrato desta geração que daqui a uns anos estará a entrar no mercado de trabalho - ou provavelmente não, a manter-se o panorama atual, esperemos que não.
Seguiu-se uma discussão acerca da pouca carga horária. A minha irmã, no 12º ano tem 5 disciplinas, nenhuma delas específica para entrar no ensino superior. Essas duas ficaram no 11º e já se fizeram os exames nacionais. E eu pergunto, como é possível que passe um ano letivo inteiro entre acabar o 11º e entrar na faculdade sem ter as ditas cadeiras específicas - neste caso, geometria descritiva e matemática? Como? Sendo que geometria descritiva é cadeira do 1º ano de arquitetura e matemática importantíssima para cadeiras de cálculo como estruturas e mecânica? COMO?
E mais. Uma cadeira importantíssima como História da Arte é opcional, em duelo com Desenho. Ou seja, duas cadeiras importantíssimas em conflito, apenas uma pode ser escolhida. Agora imaginem o panorama de quem escolheu Desenho: tiveram apenas História até ao 9º ano e mais nada. Vão ter Teoria da Arquitetura e História da Arquitetura sem bases nenhumas. Isto faz algum sentido?!
Claro que tive de meter a colherada neste assunto, aliás fui requisitada a intervir pela professora. E fiquei surpreendida pelos pais nem sequer se terem apercebido disto. Lembro-me de sempre ter escolhido as cadeiras mediante o curso que queria e os objetivos. Mas realmente vendo, nem isso eles podem hoje fazer.
Às vezes fala-se dos alunos que são isto, aquilo e aqueloutro. Mas deixem que vos diga, o nosso sistema de ensino está pelas ruas da amargura e quem faz os programas e atribui as cadeiras não deve ter noção alguma daquilo que está a fazer. Há uma total desaquação dos conteúdos com a realidade do Ensino Superior. Vai ser bonito para o ano, vai.
xoxo
cindy