Coisas que não entendo #14
Acho que esta se vai tornar uma rubrica semanal, tal a quantidade de coisas que não entendo neste Mundo. Mas a notícia que hoje venho comentar deixou-me para além de perplexa... fiquei mesmo revoltada.
Parece que há funcionárias que estão a ser chamadas aqui no Centro Hospitalar do Porto para comprovarem in loco se estão a amamentar ou não. O título da notícia "Mulheres forçadas a espremer mamas para comprovar que amamentam" poderia ser sensacionalista mas infelizmente resume mesmo a perseguição que estas mulheres estão a sofrer.
Saliento que isto se passa no meio hospitalar - os supostos hospitais amigos do bébé e consequentemente a favor da amamentação. Pelos vistos, deve ser só fomentada a amamentação das utentes e não das funcionárias. E ainda digo mais, a OMS aconselha a amamentação até aos 2 anos pelo menos, logo não é de admirar que muitas mulheres hoje em dia cumpram esta meta ou vão além dela. Se a partir do ano de idade é necessária apresentar uma declaração médica mensal a comprovar a amamentação, não compreendo muito bem a necessidade de pedirem às funcionárias este tipo de "prova". Acho que isto não passa de "bulliyng" laboral que pretende desencorajar as mulheres a prosseguirem com o pedido de dispensa, já que de 3 em 3 meses serão chamadas para dar conta se têm leite ou não. Sou só eu que acho isto um atentado à dignidade de qualquer mulher e uma forma de violência? Não há nada na legislação e no Código do trabalho que obrigue as mulheres a submeterem-se a este tipo de humilhação, mas obviamente as chefias não estão minimamente preocupadas com tal.
Num país em que a taxa de natalidade cada vez diminui mais, este tipo de atitudes leva-me a pensar que em vez de progredirmos no campo da parentalidade cada vez estamos mais atrasados. Segundo o artigo um terço dos profissionais inscritos na Ordem dos Enfermeiros terão sido pressionados a não gozarem em pleno os seus direitos parentais. Ora isto é grave, muito grave. Já somos um país envelhecido e caminhamos para muito pior. Pergunto-me eu onde andam os incentivos à natalidade anunciados pelo governo? Ficaram em águas de bacalhau? Ou resumem-se ao noticado há uns dias em que pais e avós poderiam trabalhar a part time até aos 12 anos da criança, vendo os seus ordenados reduzidos proporcionalmente? Quem se pode dar a tal luxo?
Às vezes tenho vergonha de ser portuguesa.
xoxo
cindy