A lei do piropo
A semana passada houve um grande zumzum em relação ao fato de agora ser proibido mandar piropos. Acho que já perdi a conta aos episódios que aqui relatei com esse teor e digo-vos que se há coisa que me põe fora de mim é o fato de qualquer homem se achar no direito de vomitar as maiores barbaridades a uma mulher que passe na rua.
Claro que não faltaram logo os comentários masculinos a queixarem-se que os piropos são inofensivos e que eles só os mandam porque nós, mulheres, os provocamos. Claro que sim! Somos o diabo em saias. De manhã quando acordo, a primeira coisa em que penso é em produzir-me e escolher todo um conjunto de modo a agradar à população masculina e assim ser agraciada com tão simpáticos comentários. É que não vivo sem isso, dia sem piropo não é nada bom.
Agora, imaginem que como eu trabalham na área da construção civil. Já tive imensos episódios de ir fiscalizar obras e levar com a piropada antes de me apresentar ao encarregado. Claro que os senhores ficam envergonhados mas como lhes disse uma vez: " gostavam de que as vossas filhas ouvissem essas badalhoquices?". Não, claro que não. Mas tal como eles, outros há que vêm as miudas a passar e debitam ordinarices pela boca fora. Ordinarices de eevado teor sexual e mulher alguma devia ser obrigada a ouvir e muitas vezes a ter de se defender perante estes homens da caverna.
E só para fechar o assunto, há uns dias almoçava com o S. e estavam uns "senhores" a falar precisamente sobre o assunto. Enquanto o S. foi ao wc pude apreciar o conteúdo da conversa que era mesmo engraçado. Pois que segundo o mais velho, uma mulher que passe na rua de calças justas está a pedir elogios à sua retaguarda e a outras ações que não vou aqui descrever. Dizia ele que "elas passam e bamboleiam-se todas, estão mesmo a pedi-las!". Eu não costumo pedir nada quando ando na rua mas eles lá sabem. E os outros paspalhos concordavam, elas querem é que nós lhes digamos que lhes vamos fazer o que lhes falta em casa. Oi?! Fiquei de tal modo enojada que foi pedir a conta, pagar, virar-me para o S. e dizer que me ia embrulhar no casaco não fossem eles pensar que me estava a faltar algula coisa em casa.
Nojento mesmo.
xoxo
cindy