Bébé a bordo #17: amamentação
Poucos temas da maternidade são tão controversos como a amamentação. Toda a gente, TODA, mesmo aquelas pessoas que nem são mães, adora opinar sobre o assunto. Deve ser o tema mais falado e também aquele sobre o qual as pessoas emitem mais juízos de valor, muitas vezes sem conhecimento de causa e pura ugnorância. Mas como diz o ditado "vozes de burro não chegam ao céu" e é ouvir e andar. Nem sempre é fácil ignorar mas a maior parte das vezes dá mais trabalho tentar explicar do que respirar fundo e fazer ouvidos de mercador.
A minha experiência tem sido no geral positiva. As aulas de preparação para o parto que frequentei quando estava grávida da M. foram muito importantes para ficar a par dos benefícios e dificuldades da amamentação. E sobretudo desmistificaram coisas como "leite fraco", " o bébé está a chorar, não deves ter leite suficiente", "acorda de noite para mamar? então é porque o leite não o satisfaz" ou a melhor "sempre na mama? isso já é manha"...
Sim, a mama não é só alimento, é conforto, mimo e aconchego. Por isso é natural que o bébé procure mamar quando está desconfortável e não apenas quando tem fome. Daí o conceito " amamentação em demanda livre" que promove a amamentação sem horários, no fundo, sempre que o bébé demonstre sinais de querer mamar. Por exemplo, sempre que temos visitas Dom P. parece que não larga a mama, provavelmente porque se sente desconfortável, custa-lhe a dormir com tanta excitação e recorre à maminha para se acalmar.
Não é um caminho fácil. Da M. mesmo estando bem preparada não me livrei de uma mastite, curada com antibiótico amigo da amamentação - não acreditem quando vos dizem que para tomarem antibiótico não podem dar de mamar, há vários que não são prejudiciais para o bébé - e mesmo agora volta e meia dou por mim a meio da noite a tomar chuveiro de água quente para desfazer engurgitamentos e nódulos de leite. Custa, dói mas tudo passa e sinceramente são mais os benefícios que os inconvenientes.
Claro que é uma prisão para a mãe. Custa-me não poder decidir em cima da hora ir dar um passeio ou tomar um café com as amigas sem levar o baby atrelado. Ou dar uma saltada à praia com a mais velha por mais de 2h que é geralmente a frequência com que o P. mama de dia. Quando consigo combinar com antecedência ou sei que em determinado dia vou ter de sair, tiro leite com a bomba nos dias anteriores. Mas é uma seca e dispensava bem. E só pela trabalheira de lava biberão, esteriliza biberão e por aí fora, não consigo perceber quem acha mais prático dar biberão que mama. A única vantagem é mesmo poder ser o pai ou outra pessoa a dar.
Alguns conselhos:
- Dar de mamar sempre que reconhecer os sinais de fome do bébé: abre a boca; faz movimentos com a língua; franze o sobrolho; vira a cabeça à procura da mama da mãe; leva a mão à boca e suga-a;
- Esvaziar a mama antes de oferecer a outra e caso mame das duas, na próxima mamada começar pela última mama oferecida. A composição do leite varia durante a mamada e o leite rico em gordura fica para o fim, pelo que é importante que o bébé consiga assimilar esse leite;
- Para aliviar mamas demasiado cheias colocar panos quentes ou recorrer ao chuveiro e tentar esvaziar um pouco manualmente. Após o bébé mamar pode-se colocar um pouco de frio para acalmar;
- Durante a noite os níveis de prolactina atingem o seu pico, pelo que é fundamental dar de mamar neste período.
- Nos primeiros tempos não usar a bomba porque fará aumentar a produção e poderá potenciar engurgitamentos e outros problemas.
- O biberão também só deve ser oferecido quando a amamentação estiver bem estabelecida, normalmente a partir do primeiro mês. Mesmo assim, há outras alternativas, como por exemplo a técnica do copinho;
A M. mamou até aos 15 meses, foi fazendo um desmame gradual, vamos a ver até onde chegamos com o baby mais pequenino. Gostava que me contassem as vossas experiências, positivas ou não!