O segundo filho
Quando somos pais pela primeira vez tudo é novidade e os dias são uma aprendizagem contínua. Lemos imenso sobre o assunto, vamos às aulas de preparação para o parto e tudo fazemos para que esta coisa da parentalidade corra bem.
Quando pensamos no segundo, somos já pais mais experientes, com toda uma escola por trás. Seremos até mais descontraídos em relação a algumas coisas mas ainda mais rigorosos em relação a outras. Calculamos que ter dois dê mais trabalho que ter só um. Que teremos o dobro das preocupações e da despesa. Que os primeiros tempos serão difíceis e de adaptação para todos. Imaginamos isto tudo e mesmo assim partimos à aventura.
E o que nos diz o mundo?
"Ah, tens uma filha amorosa e bem comportada? Prepara-te que o segundo vai ser um terror."
" O primeiro dorme bem? Vão ver que o segundo não vos deixa dormir..."
" Agora com dois, esqueçam as saídas e a vida social."
E a melhor de todas... dirigida à mais velha " Quiseste um mano? Mas ele vai-te partir os brinquedos todos".
Coisas simpáticas, hein? Não vejo qual o prazer que as pessoas têm em dizer estas coisas. É um facto que os filhos não são todos iguais, cada um terá a sua personalidade mas podem-se explicar onde está escrito que têm de ser o oposto um do outro? É alguma regra matemática? Se um é bem educado, o outro será um delinquente?
Também não notamos aquela ciumeira exacerbada da mana mais velha de que toda a gente fala. Notamos sim que está mais teimosa e a precisar de mais atenção mas em relação ao irmão não poderia ser mais querida e dedicada, como já vos falei aqui.
É a dita sabedoria alheia, certo? A mesma que quando estamos grávidas faz com que as pessoas tenham prazer em contar histórias de terror sobre o parto. O que vale é que tem boa solução: fazer orelhas moucas!