Das memórias
Ontem quando a M. chegou a casa vinda da escola estivemos a ver uns vídeos e a cantar as algumas das nossas músicas preferidas. Pelo meio da cantoria, fomos dar com a “Photograph” do Ed Sheeran, cujo vídeo, para quem não conhece, é composto por fotos e vídeos dele desde bebé até à idade adulta. Ela adora o vídeo e aproveitei para explicar que era por querer ter estas lembranças dela, que gostava de fazer vídeos e tirar fotos. Ultimamente, escapa-se sempre às fotografias e não há meio de tirar uma de jeito.
Pediu-me então para irmos ver os vídeos dela de quando era bebé. Ai, que saudades daquele embrulhinho quentinho e redondinho no meu colo! Começámos então a rever aquelas memórias tão boas e pelo meio aparece o vídeo do dia em que saímos da maternidade e fomos mostrar a bebé à minha avó e tia. Até meteu dó de ver… quando viu a bisa largou num pranto. A saudade… Essa palavra tão portuguesa! Acho que ver o vídeo acabou por lhe fazer bem... deitou algumas coisas cá para fora que tinha guardadas e ainda falámos sobre as saudades de quem já não está cá.
A verdade é que as pessoas partem e o que fica são as memórias. Não há um dia em que não me lembre das minhas avós. Ou porque como uma nata e me lembro das tardes passadas a fazer pasteis de nata à moda antiga, com massa folhada feita na hora. Ou porque faço marmelada e me recordo das taças a secar ao sol no parapeito da janela. Ou ainda das corridas a empurrar a cadeira de rodas quando a minha avó ia estender a roupa. Da minha outra avó, lembro-me quando estou a pôr batom ou a beber o meu café pelas chávenas que herdei dela. Ou do chá de casca de cebola para a rouquidão e tosse que tão bem me fazia e que ainda hoje sigo a receita à risca, quando ando mais aflita da garganta. Tantas coisas boas!
Por ser tão pequenina, decerto não terá grandes memórias da bisa mas ainda bem que temos estes meios tecnológicos que nos permitem rever quem já partiu...