Em casa #1
Como vos disse a semana passada, estamos já há alguns dias em casa. Sexta o pai também ficou e soubemos ao final do dia que o serviço da câmara onde trabalhamos ia fechar e teríamos a possibilidade de trabalhar em casa em regime de teletrabalho. Tenho de louvar a atitude do Presidente Rui Moreira porque efetivamente se antecipou e tomou a decisão consciente de proteger os funcionários. Aliás, as medidas que o Porto tem tomado têm surtido resultado e as ruas têm estado vazias. Tomara o resto do país fazer o mesmo mas pelos vistos por Lisboa ainda acham que estamos na brincadeira.
Se olhar para a semana passada fico com aquela sensação que naqueles 7 dias couberam imensos acontecimentos e se no início da semana tudo parecia longínquo e hipotético, pelo meio da semana fiquei com a certeza que o meu lugar e o dos pequenos era mesmo em casa. Fui chamada de exagerada mas dois dias depois já toda a gente queria era ir para casa. Sou uma pessoa curiosa por natureza, gosto de pesquisar e estar a par do que se passa e fui-me apercebendo que os casos conhecidos no início da semana seriam apenas a ponta do iceberg de muitos outros que andariam aí camuflados e sem estarem ainda descobertos. Preferia estar enganada mas infelizmente não.
Fiquei zangada com as pessoas que sabendo como estava a situação em itália se foram lá enfiar na mesma. Que levaram a sua vida social normal sem olhar à saúde dos outros. Que publicaram videos nas redes sociais a dizer que estavam internados mas "tá-se bem!", numa atitude completamente despreocupada face à gravidade da situação. Mas pensando bem, a nossa própria Ministra da Saúde e governantes em geral desvalorizaram até há bem pouco tempo a situação, apontando o virus como sendo mais uma gripe e o resultado está à vista de todos. E realmente, às tantas estes primerios casos serão os sortudos que tiveram os meios humanos todos disponíveis e sem faltarem equipamentos essenciais como ventiladores.
Não sejamos imprudentes, temos a nossa saúde em risco e está nas nossas mãos fazer o possível por quebrar a cadeia de transmissão. Mas, ou nos consciencializamos todos e remamos para o mesmo lado, ou então terá sido em vão. Os nossos profissionais de saúde são excecionais e mais do que nunca dependemos deles para a coisa correr bem, mas também temos em nós o poder de ajudar. Infelizmente, nem todos podemos ficar em casa. Há quem não possa porque o trabalho que desempenha não permite, há quem tenha de ir trabalhar porque o patrão assim o exige. Quem pode ficar em casa, por favor não desperdice essa benesse. Não mandei os miúdos para os avós... as pessoas de idade são um grupo de risco e as crianças podem ser transmissoras sem sintomas. Fontes não oficias indicam que o contágio no norte de itália passou muito por aí. Se sim, se não, só mais tarde se saberá.
Vamos acreditar que em breve vamos poder fazer tudo aquilo que não poderemos nos próximos dias.
xoxo
Marta