Eu também grito vergonha!
Ontem tive a sensação que voltámos à idade da pedra neste país.
Aquando o referendo sobre a liberalização do aborto, votei a favor. Acredito sobretudo que devemos ser livres de escolher. Pior que uma interrupção voluntária da gravidez é uma criança vir ao mundo para sofrer. E o que estava em cima da mesa na altura era continuar a fechar os olhos aos abortos clandestinos ou feitos no estrangeiro ou legalizar o ato e dar condições clínicas a quem a ele recorresse. Por outro lado, tive receio de uma banalização da ivg, que sendo despenalizada houvesse quem a ela recorresse como método contracetivo. E certamente haverá, mas as estatísticas denotam uma diminuição do número de ivg, o que é positivo. Ontem esteve novamente em discussão no Parlamento e os resultados não foram do meu agrado...
Acho muito bem que quem recorra à ivg pague taxas moderadoras, afinal de contas é um procedimento médico e porque havemos nós, contribuintes, de andar a pagar pelas decisões dos outros? A insenção não fazia sentido e portanto acho que assim se restabelece alguma justiça nesse sentido.
Fiquei foi completamente estupefacta com a obrigatoriedade das mulheres de frequentar consultas de aconselhamento psicológico e social, onde podem inclusive estar presentes médicos que são contra o aborto e funcionarão como objetores de consciência! Que essas consultas fossem facultativas parecia-me uma boa medida, haverá certamente quem necessite desse acompanhamento psicológico. Já agora, obriguem também os pais a comparecerem às consultas, sendo que em muitos casos são eles que se põem de lado e recusam a gravidez. Ridículo! Mas agora estamos numa ditadura em que se obrigam pessoas? Em que tomam uma decisão e estão ali os juízes a tentarem dissuadir? Onde anda a liberdade das mulheres? Somos todas umas tontas que precisam de orientação?
Uma tristeza. Um passo em frente, dois para trás.
xoxo
cindy