Teletrabalho - 1 ano depois
Se me dissessem ao entrar em 2020 que ia passar esse ano quase todo em teletrabalho e em 2021 assim ia continuar, eu não acreditava. Mas aqui estamos, mais de um ano volvido, ainda neste regime de teletrabalho. Ali entre o verão e o início do outono ainda estivemos alternados entre presencial e teletrabalho mas foi sol de pouca dura.
Se são leitores assíduos aqui do blog, certamente se lembram que quando a Mariana nasceu e depois de ter sido despedida do gabinete onde trabalhava, comecei a trabalhar a partir de casa. Na altura estávamos em plena crise do imobiliário e isso permitiu-me gozar a licença de maternidade, receber o subsídio de desemprego e começar a trabalhar como freelancer quando se começou a ver alguma retoma. Foi o melhor de dois mundos - ficar com ela em casa até aos 3 anos e poder acompanhar o seu crescimento, ao mesmo tempo que ia fazendo os meus projetos. Mas continuo a dizer que só foi possível conciliar as duas coisas porque a Mariana sempre foi uma bebé e criança sossegada. Isto para contextualizar que este mundo de trabalhar em casa não é novidade para mim.
Claro que estarmos voluntariamente em casa e sermos atirados em espaço de dias para o teletrabalho em contexto de pandemia não é propriamente a mesma coisa. Os primeiros dias foram um choque entre o que é que fazemos aos miúdos e esta porcaria do VPN não funciona e vamos ficar doidos e coitadas das pessoas se nós não damos conta do recado. Falo por mim ( claro!) mas senti muito que mediante o panorama em que estávamos, era mais que justo dar ( ainda mais ) o litro para não prejudicar ninguém que dependia de uma decisão para o seu investimento. Por outro lado, a sensação de sermos privilegiados por podermos estar em casa, resguardados e ( mais) longe do virus, traduzia-se numa maior noção de responsabilidade. E os meses foram-se passando entre escola em casa, videochamadas para tudo e mais alguma coisa, reuniões pelo Teams, pelo Zoom, pelo Meet, telefonemas dia fora, entre dois adultos e duas crianças em casa, 24h sobre 24h.
Depois, o alento dos meses de verão que permitiram irmos passar uns dias ao Douro, depois uma semanas e regressar em Setembro ao ensino presencial. Alternar trabalho em casa com trabalho presencial durante uns tempos e a noção que estar em teletrabalho permite conciliar bem melhor vida familiar e laboral. Diminuem-se as deslocações, o tempo perdido em ir casa, escola, trabalho e depois vice versa. Ganha-se tempo para eles e para a vida familiar. Perde-se o convívio com os colegas e amigos e a socialização que todos precisamos.
O pior chegou quando tivemos que voltar ao modelo teletrabalho, tele escola e creche em casa. Uma criança que não queria voltar a ficar longe dos colegas e amigos, um bebé muito mais ativo e a requerer muita mais atenção, pais já saturados e exaustos. Janeiro, Fevereiro e Março foram meses duros, muito desgastantes do ponto de vista psicológico e físico. Fez-se mas foi muito, muito complicado. Foi chegar ao final do dia com a sensação que se falhou em alguma coisa - ou no trabalho, ou nos filhos.
Felizmente, com a abertura das escolas e das creches pudemos respirar um pouco de alívio e recuperar alguma da sanidade perdida. Não sabemos o que os próximos meses nos reservam mas esperemos que a luz ao fundo do túnel esteja cada vez mais perto.
E qual o balanço destes muitos meses? Que o ideal - numa situação fora da pandemia - é haver dias de trabalho em casa e dias de deslocação ao trabalho. Em casa o trabalho rende mais, sinto-me mais produtiva e consigo concentrar-me mais facilmente. No entanto, a troca de impressões com os colegas é fundamental para alargar conhecimentos e até para uniformizar procedimentos. Para mim, este seria o mundo ideal. Resta saber se terminada a pandemia darão hipóteses aos funcionários de escolherem em que moldes pretendem trabalhar.
Por aí, como foi ou tem sido a experiência do teletrabalho?
xoxo
Marta